Os riscos do tabagismo para a saúde

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O tabagismo segue como um tema central na saúde pública, e seus efeitos prejudiciais ainda precisam ser amplamente divulgados. Em 2024, a taxa de adultos fumantes no Brasil subiu para 11,6%, um aumento de 25% em relação a 2023, o primeiro crescimento significativo em duas décadas. Os números impressionam: cerca de 40 mil mortes anuais por doença pulmonar obstrutiva crônica, 30 mil por problemas cardiovasculares e 55 mil por câncer, todos relacionados ao consumo de cigarro. 

Além disso, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil gasta R$ 5 com doenças ligadas ao cigarro, totalizando perdas de R$ 153 bilhões por ano. 

Segundo Dr. Gilmar Zonzim, pneumologista e professor do curso de Medicina do UniFOA, os efeitos imediatos do cigarro começam pela agressão ao aparelho respiratório: 

“Quando a pessoa inala a fumaça, ela irrita e inflama os pulmões. As substâncias do cigarro chegam à corrente sanguínea, provocando contração dos vasos, aumento da pressão arterial e aceleração dos batimentos cardíacos.” 

A principal responsável pela dependência rápida é a nicotina, que ativa receptores no cérebro e gera a necessidade de fumar repetidamente. 

“A nicotina é talvez a substância mais aditiva que conhecemos. Temos pacientes ex-usuários de drogas que conseguiram parar outras dependências, mas não conseguiam largar o cigarro”, afirma o especialista. 

Os efeitos a longo prazo são extensos e graves. O tabagismo prejudica vias aéreas, agrava rinite e asma, causa bronquite crônica e enfisema que juntos configuram a DPOC, uma das principais causas de morte no mundo. O cigarro também afeta o sistema cardiovascular, aumentando os riscos de infarto, AVC e obstrução de vasos periféricos. E o câncer não se limita aos pulmões: boca, esôfago, estômago e pâncreas também podem ser atingidos. 

O Diretor de Ensino do H.FOA, Igor Dutra, chama atenção para a contradição entre os lucros da indústria e os custos sociais: 

“A indústria tabagista lucra enquanto a população paga com a própria saúde. Muitos ainda acreditam que os riscos ficam restritos aos pulmões, mas o cigarro afeta todo o corpo, altera o DNA e aumenta mutações que podem levar ao câncer em diferentes órgãos.” 

A legislação brasileira proibiu, desde 2014, o consumo de cigarros em áreas de uso coletivo, públicas ou privadas. No entanto, novos desafios surgiram com a popularização dos cigarros eletrônicos, os chamados vapes. 

“Mas me preocupa o retrocesso com o aumento de cigarros eletrônicos “vapes”, que são comercializados de forma disfarçada e atraente, principalmente para jovens, trazendo novos riscos”, comentou Igor. 

“O ‘vape’ passa uma falsa sensação de segurança, mas os riscos não são menores que os do cigarro tradicional. Ele atrai jovens com sabores e causa rápida dependência de nicotina, tornando mais difícil largar o vício”, explica Dr. Zonzim. 

Para enfrentar o problema, o H.FOA mantém programas de apoio: 

“Formamos grupos de apoio para fumantes, oferecendo diagnóstico, orientação e acompanhamento. Esse suporte é essencial para melhorar a saúde física, mental e financeira das pessoas. Também realizamos pesquisas internas, sinalizações educativas e programas voltados a quem deseja parar de fumar”, explica Igor Dutra. 

Dr. Zonzim reforça que profissionais da saúde têm papel crucial em informar, conscientizar e auxiliar os pacientes na cessação do hábito, incluindo o uso de estratégias comportamentais e medicamentosa. 

O tabagismo passivo também representa riscos graves, especialmente para gestantes e crianças: 

“A exposição passiva aumenta problemas respiratórios e cardiovasculares. Para gestantes, pode prejudicar o desenvolvimento fetal, impactando peso, função pulmonar e sono do bebê”, alerta o pneumologista. 

Apesar de todos os riscos, os especialistas são unânimes em afirmar que abandonar o cigarro é possível.: 

“O fumante precisa ser visto como alguém doente, e não criticado. Com informação, apoio e determinação, é possível romper a dependência química e comportamental.” 

A conscientização, aliada a políticas públicas e ao engajamento dos profissionais de saúde, é fundamental para reduzir os impactos do tabagismo. A mensagem é direta: nunca é tarde para buscar ajuda, abandonar o cigarro e proteger a própria saúde e a de quem está por perto. 

Você também pode assistir a entrevista completa sobre os impactos do tabagismo na saúde:

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