Com a chegada do inverno, as temperaturas mais baixas e o ar seco trazem um desafio silencioso para a saúde da pele: o ressecamento. Banhos quentes, menor ingestão de água e a redução da umidade do ar contribuem para o surgimento de rachaduras, coceiras e até o agravamento de doenças dermatológicas.
Durante essa estação, que vai até setembro, a combinação entre ar seco, temperaturas baixas, ventos fortes, pouca chuva e o famoso banho quente prolongado reduz a hidratação natural da pele, comprometendo sua barreira de proteção. Isso favorece a perda de água transepidérmica, ou seja, a evaporação natural da água através da pele, deixando-a mais vulnerável.
Segundo a dermatologista do Hospital da Fundação Oswaldo Aranha (H.FOA), Paula Alburquerque, os principais sinais de que a pele está sofrendo com o frio incluem ressecamento visível, descamação, coceira, vermelhidão e até pequenas rachaduras.
“No inverno, o corpo sofre com as baixas temperaturas e a redução da umidade do ar, o que pode afetar a saúde de forma geral. Por isso, é fundamental manter uma boa hidratação, ingerindo líquidos regularmente mesmo sem sentir sede, praticar atividades físicas e manter uma alimentação saudável e equilibrada”, destaca a médica.
Para evitar esses sintomas, Paula recomenda tomar banhos rápidos com água morna, limitando o tempo a 5 a 10 minutos, pois a água muito quente remove a camada de gordura natural da pele. Também é importante usar sabonetes suaves e hidratar o corpo diariamente com produtos adequados ao tipo de pele. O uso de protetor solar deve ser mantido, inclusive em dias nublados.
Pessoas com pele oleosa também precisam ficar atentas. O frio pode causar ressecamento superficial, o que leva ao chamado “efeito rebote”: as glândulas sebáceas aumentam a produção de óleo para compensar a perda de hidratação. Por isso, a dermatologista orienta:
“É importante manter a limpeza com sabonetes específicos para pele oleosa, sem exagerar na frequência, para evitar irritações. A hidratação continua sendo essencial, com preferência por hidratantes leves, em gel, oil-free ou em textura sérum. E não abandone o protetor solar — ele deve ser usado diariamente, mesmo nos dias nublados. Com os cuidados certos, é possível controlar a oleosidade sem agredir a pele.”
Para pessoas com doenças de pele, como dermatite, psoríase ou rosácea, os cuidados devem ser redobrados. Paula explica:
“Para evitar exacerbações, é fundamental adotar medidas específicas. A higienização deve ser feita com sabonetes syndets, loções ou óleos de limpeza, evitando agentes irritantes. A hidratação deve ser intensificada com emolientes de alto poder oclusivo e ativos como ceramidas, ureia em baixa concentração (em casos de rosácea), ácido hialurônico ou glicerina.”
Em caso de piora do quadro clínico, a avaliação médica é essencial para ajustes terapêuticos, incluindo o uso de corticosteroides tópicos, imunomoduladores ou agentes sistêmicos, conforme a patologia e gravidade.