Entre o tratamento conservador e as cirurgias invasivas, a medicina regenerativa surgiu como uma nova esperança para pacientes que sofrem com dores crônicas, doenças articulares ou que buscam retardar o envelhecimento. Muito além de uma tendência, essa área da saúde vem conquistando espaço na prática clínica e despertando o interesse de pesquisadores e profissionais da saúde em todo o mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,7 bilhão de pessoas vivem com doenças musculoesqueléticas, sendo a dor lombar a principal causa de incapacidade no planeta. Frente a números tão expressivos, cresce a busca por terapias que não apenas aliviem sintomas, mas que também estimulem o próprio organismo a regenerar tecidos e recuperar funções.
“Havia um gap muito grande entre o tratamento conservador, que eram todos aqueles tratamentos não cirúrgicos, e quando isso não funcionava, o paciente ia direto para o tratamento cirúrgico. A medicina regenerativa veio preencher esse espaço vazio e tem um foco muito diferente: não trata o sintoma, mas busca tratar a causa”, explica o Dr. Luiz Fernando Barreiros, cirurgião ortopedista e traumatologista, que atua no H.FOA.
Ele destaca que a área ainda não é oficialmente reconhecida como especialidade médica, mas há um movimento organizado: “A Sociedade Brasileira de Medicina Regenerativa já deu entrada junto à Associação Médica Brasileira para que a medicina regenerativa se torne uma área de atuação. É um passo importante para dar mais respaldo e segurança aos pacientes e profissionais”.
O que é medicina regenerativa?
A medicina regenerativa combina técnicas avançadas para estimular a autocura do organismo, muitas vezes utilizando materiais biológicos do próprio paciente, como o plasma rico em plaquetas (PRP) ou células derivadas da gordura. Também engloba áreas de ponta, como engenharia genética e biotecnologia, que desenvolvem tecidos e órgãos em laboratório para transplantes ou reconstruções.
Na prática, essas terapias podem:
- Reduzir inflamações crônicas;
- Acelerar cicatrizações;
- Recuperar cartilagens, tendões e ossos;
- Melhorar a qualidade de vida de quem convive com dores.
“O objetivo é potencializar o paciente para que ele possa se autocurar, autocicatrizar ou autorregenerar. Mas para isso, precisamos de um diagnóstico clínico muito bem-feito, porque cada caso exige uma abordagem individualizada”, reforça o Dr. Luiz Fernando.
Na dermatologia: da estética ao tratamento de doenças
A medicina regenerativa também está ganhando espaço na dermatologia, inclusive em procedimentos já conhecidos do público, como os bioestimuladores de colágeno.
“Na dermatologia, ela já vinha sendo praticada há muitos anos com os tratamentos injetáveis, mas mais recentemente ganhou força com técnicas que utilizam tecidos do próprio paciente, como o plasma e a gordura”, explica a dermatologista Dra. Simone Reis.
Essas técnicas são potencializadas por tecnologias modernas que aumentam a absorção ou estimulam a produção natural de colágeno, como radiofrequência monopolar, radiofrequência microagulhada, laser fracionado, ultrassom microfocado, eletroporação, entre outras.
“Os resultados são muito naturais, sem risco de alergias ou rejeições, e com alta capacidade de regeneração. A dermatologia é uma especialidade que nunca para: os profissionais investem constantemente em treinamentos e imersões práticas para dominar essas novas técnicas”, destaca a Dra. Simone.
Educação, pesquisa e futuro
O avanço da medicina regenerativa depende diretamente da formação de profissionais qualificados e de instituições que incentivem a pesquisa e a inovação. Segundo levantamento da Allied Market Research, o mercado global de medicina regenerativa deve ultrapassar US$ 87 bilhões até 2030, demonstrando o interesse crescente da ciência e da indústria nesse campo.
“A medicina regenerativa tem um futuro promissor, tanto na estética quanto no tratamento de doenças de pele e tecidos. Como a pele é o maior órgão do corpo humano, surgirão cada vez mais abordagens capazes de retardar o envelhecimento e tratar patologias cutâneas com mais eficácia”, projeta a Dra. Simone.
Mais do que uma promessa, a medicina regenerativa representa uma mudança de paradigma: buscar a causa ao invés de apenas tratar sintomas. Essa evolução depende de pesquisa contínua, regulação adequada e da dedicação de profissionais preparados para aplicar essas técnicas de forma segura, beneficiando cada vez mais pacientes.